O que levam da gente…

Olá pessoal,

Acabamos de saber sobre um triste ocorrido: nossa vizinha teve a casa arrombada. Apesar de não parecer, um fato assim tem bastante relação com a sexualidade.

Roubo residência Roubo de casa

Mas era meu!

Na sexualidade um outro evento, também crime, traz consequências análogas para a vítima: o abuso sexual. Da mesma forma que na invasão de domicílio, o estupro acontece sem o consentimento da vítima. Alguém  invade a pessoa em sua individualidade, utilizando de força, seja ela física ou de outro tipo. Também no caso do abuso sexual algo é tirado da vítima. Uma parte dela se vai ou fica danificada. E quanto a quem comete o crime, também existem algumas similaridades.

Invasor

Os agentes destes crimes também tem características em comum. Ambos ignoram as noções de limite essenciais para mantermos a vida em sociedade. É algo que sempre discuto com minha esposa. Um muro ou uma tranca não são apenas uma forma de fisicamente impedir a invasão. Como sabemos nenhuma destas barreiras é intransponível. Elas são muito mais um símbolo de que aquele local só será acessado por aqueles que tiverem permissão de seus proprietários. Quando eu tranco minha porta estou dizendo: “Hey você pessoa de fora, não entre aqui sem pedir se pode!”. Quando alguém invade uma casa ele escolhe ignorar estes limites.

Para o abuso sexual vale algo parecido. Todos aprendemos que contatos íntimos, como é o sexual, não ocorrem sem que ambos estejam de acordo. E mesmo assim costuma demandar um bom tanto de intimidade. Se algumas vezes temos dificuldade em tirar a roupa para nós mesmos, imagine o quanto é difícil fazer isso para uma outra pessoa. Mais que isso, o ato sexual envolve um tipo de contato que não costumamos ter. Quando fazemos sexo com alguém, ela está dando permissão para que exploremos esta esfera da vida dela, algo que demanda certo esforço. Até que isto aconteça, as roupas e o modo de a pessoa se comportar também são um sinal de que não temos permissão para interagir sexualmente com ela. As roupas são como trancas.

No caso do abuso todo esse jogo, toda essa dança entre os envolvidos não acontece. O abusador apenas executa o ato, invadindo a pessoa e pensando apenas em seu prazer. Ele ignora esses sinais, estas barreiras sociais que estabelecemos. Muitas vezes até, a resistência por parte da vítima é algo que contribui para o prazer sádico do estuprador. Isso sem falar na clara violência do ato, que causa dor e sofrimento físico para quem é abusado.

Finalmente…

É perturbador pensar que um crime como o abuso sexual ainda exista nos dias de hoje. Com tudo que sabemos sobre o ser humano e tanto que avançamos em termos sociais e psicológicos, era de se esperar que um crime bárbaro destes não estivesse mais no domínio do ser humano civilizado. Mas claro, os “ganhos” que ele traz estão em um nível diferente do racional. Saber sobre efeitos e qualquer outra coisa teórica não fará com que um abusador pare de buscar isso que o satisfaz. Os impulsos não deixam de existir porque sabemos mais sobre sua essência. Isso demonstra o quanto ainda somos em parte selvagens.

Abração e até a próxima!

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